Monday, June 26, 2006
Saturday, June 24, 2006
Thursday, June 22, 2006
Sunday, June 18, 2006
Thursday, June 15, 2006
Sunday, June 11, 2006
Sunday, June 04, 2006
WANDA! WANDINHA!
1.
Há quinze anos atrás, no mesmo dia, vi “A insustentável leveza do ser” em VHS, fumei dois cigarros de mentol e comprei o jornal Sexus.
Estava na companhia da minha melhor amiga que tinha recentemente mudado de casa para o nosso lado. Metade do dia foi passado no sotão e a outra a ver o filme na sala. O que me lembro melhor é do jornal e com bastante clareza da secção de fotografias amadoras de donas de casa que generosamente se davam a conhecer em variadas poses sedutoras expondo-se integralmente à câmara fotográfica. Os textos, crónicas, fotonovelas ou pequenas legendas revelavam um mundo muito “glamoroso” de fantasias.
Lembramo-nos de enviar algumas fotos nossas em poses parecidas. Pensamos nisso com a maior naturalidade e fizemos projectos para o dia seguinte: maquilhagem carregada, saltos altos e um trapinho à volta da cinta. Estávamos dispostas a construir e a encenar fantasias. Tínhamos ainda corpos infantis e estruturas diferentes, ela era muito estreita e eu forte e quando nos apercebemos disso desistimos sem trocarmos palavras. O nosso aspecto fisico não foi certamente o mais determinante na nossa decisão. Talvez não fossem indicadas nem a ideia nem a altura.
Eu voltei para casa desanimada e não se falou mais no assunto. O dia ficou na memória como um “dia mau” porque das nossas actividades ficou a pairar uma má consciência, e até culpa, embora, na realidade, aquele dia tenha sido da maior importância para o crescimento das duas. Eu chamo-lhe desde então “o dia das três transgressões”.
2.
Recentemente, perguntei às minhas amigas se tinham alguma fantasia sexual. Não criei expectativas em relação à resposta. Para mim esta era também a primeira vez que eu pensava seriamente sobre o assunto. Seria capaz de citar uma série de referências visuais e literárias, mas não de contar as minhas fantasias. Em reuniões de café, quando voltava a este tema, deparava-me com uma grande falta de imaginação (incluo-me neste grupo, citávamos clichés das cenas românticas de um filme ou ocorria-nos à memória situações anteriores vividas de tensão sexual), apercebi-me também que algumas das mulheres que interroguei nunca tinham pensado em fantasias e sentiam dificuldades em caracterizá-las e outras não viam qualquer sentido ou necessidade em verbalizar um desejo.
3.
Comecei a pensar no assunto com alguma insistência e lancei o desafio a algumas amigas para escreverem as suas fantasias. Lembrei-me de utilizar um blog como receptor a partir do momento em que muitas mulheres (muitas outras para além das amigas) se dispuseram a participar desde que encobertas pelo anonimato ou por um nome falso. Ora, pareceu-me ser esta a forma mais eficaz para conseguir a construção de uma rede (desde sempre característica deste meio) que possibilitava a participação anónima ou a adequação a uma nova identidade, a visualização relativamente rápida das várias fantasias e a constituição de um conjunto muito forte e diversificado das mesmas.
4.
Em dois meses escreveram-se e foram publicadas no blog cerca de oitenta fantasias. No meio disto, não me proponho analisá-las de modo a que fiquem arrumadas em gavetas, mas mostrá-las e principalmente permitir, através da abertura de um espaço como o blog, que um imaginário feminino seja construído.
5.
Não sei ao certo o que é específico de uma fantasia feminina, mas reconheço que existe uma sensibilidade muito própria e que está muito presente neste conjunto.
Quanto à possível intrusão de elementos masculinos neste projecto, deixou de ser um problema na medida em que não é possível averiguar quem está do outro lado, e não me parece certo recusar a participação de quem se possa assumir como mulher. Julgo que estes casos excepcionais não desviaram o sentido do projecto. Antes pelo contrário, levantaram outras questões que tornaram o projecto mais interessante.
6.
O que está aqui exposto é o momento intermédio de todo o projecto, é a passagem da recolha do material ao objecto final, uma publicação. Daqui resultará a publicação física e uma versão em pdf. A primeira circulará por vários sítios e a segunda permanecerá alojado no blog. A razão de chegar ao objecto-livro prende-se com a necessidade de devolver às mulheres este imaginário convidando-as a manter o exercício de fantasiar.
Na exposição o aspecto da peça central é a “ encenação” de espaço onde se realizou um suposto workshop. Servi-me disso para marcar a ideia do projecto estar ainda em aberto a novos acrescentos e para afirmar a contribuição das várias pessoas que se envolveram muito seriamente nesta aventura. A segunda peça, encostada à parede, é o resultado da combinação de vidro, espelho e prata, materiais reflectores e de transparência que reflectem todos os movimentos da sala como um caleidoscópio.
7.
Agradeço a todas as participantes, que para além das fantasias também me enviaram sites de referência e imagens.
8.
http://kiki-koko.blogspot.com/
Há quinze anos atrás, no mesmo dia, vi “A insustentável leveza do ser” em VHS, fumei dois cigarros de mentol e comprei o jornal Sexus.
Estava na companhia da minha melhor amiga que tinha recentemente mudado de casa para o nosso lado. Metade do dia foi passado no sotão e a outra a ver o filme na sala. O que me lembro melhor é do jornal e com bastante clareza da secção de fotografias amadoras de donas de casa que generosamente se davam a conhecer em variadas poses sedutoras expondo-se integralmente à câmara fotográfica. Os textos, crónicas, fotonovelas ou pequenas legendas revelavam um mundo muito “glamoroso” de fantasias.
Lembramo-nos de enviar algumas fotos nossas em poses parecidas. Pensamos nisso com a maior naturalidade e fizemos projectos para o dia seguinte: maquilhagem carregada, saltos altos e um trapinho à volta da cinta. Estávamos dispostas a construir e a encenar fantasias. Tínhamos ainda corpos infantis e estruturas diferentes, ela era muito estreita e eu forte e quando nos apercebemos disso desistimos sem trocarmos palavras. O nosso aspecto fisico não foi certamente o mais determinante na nossa decisão. Talvez não fossem indicadas nem a ideia nem a altura.
Eu voltei para casa desanimada e não se falou mais no assunto. O dia ficou na memória como um “dia mau” porque das nossas actividades ficou a pairar uma má consciência, e até culpa, embora, na realidade, aquele dia tenha sido da maior importância para o crescimento das duas. Eu chamo-lhe desde então “o dia das três transgressões”.
2.
Recentemente, perguntei às minhas amigas se tinham alguma fantasia sexual. Não criei expectativas em relação à resposta. Para mim esta era também a primeira vez que eu pensava seriamente sobre o assunto. Seria capaz de citar uma série de referências visuais e literárias, mas não de contar as minhas fantasias. Em reuniões de café, quando voltava a este tema, deparava-me com uma grande falta de imaginação (incluo-me neste grupo, citávamos clichés das cenas românticas de um filme ou ocorria-nos à memória situações anteriores vividas de tensão sexual), apercebi-me também que algumas das mulheres que interroguei nunca tinham pensado em fantasias e sentiam dificuldades em caracterizá-las e outras não viam qualquer sentido ou necessidade em verbalizar um desejo.
3.
Comecei a pensar no assunto com alguma insistência e lancei o desafio a algumas amigas para escreverem as suas fantasias. Lembrei-me de utilizar um blog como receptor a partir do momento em que muitas mulheres (muitas outras para além das amigas) se dispuseram a participar desde que encobertas pelo anonimato ou por um nome falso. Ora, pareceu-me ser esta a forma mais eficaz para conseguir a construção de uma rede (desde sempre característica deste meio) que possibilitava a participação anónima ou a adequação a uma nova identidade, a visualização relativamente rápida das várias fantasias e a constituição de um conjunto muito forte e diversificado das mesmas.
4.
Em dois meses escreveram-se e foram publicadas no blog cerca de oitenta fantasias. No meio disto, não me proponho analisá-las de modo a que fiquem arrumadas em gavetas, mas mostrá-las e principalmente permitir, através da abertura de um espaço como o blog, que um imaginário feminino seja construído.
5.
Não sei ao certo o que é específico de uma fantasia feminina, mas reconheço que existe uma sensibilidade muito própria e que está muito presente neste conjunto.
Quanto à possível intrusão de elementos masculinos neste projecto, deixou de ser um problema na medida em que não é possível averiguar quem está do outro lado, e não me parece certo recusar a participação de quem se possa assumir como mulher. Julgo que estes casos excepcionais não desviaram o sentido do projecto. Antes pelo contrário, levantaram outras questões que tornaram o projecto mais interessante.
6.
O que está aqui exposto é o momento intermédio de todo o projecto, é a passagem da recolha do material ao objecto final, uma publicação. Daqui resultará a publicação física e uma versão em pdf. A primeira circulará por vários sítios e a segunda permanecerá alojado no blog. A razão de chegar ao objecto-livro prende-se com a necessidade de devolver às mulheres este imaginário convidando-as a manter o exercício de fantasiar.
Na exposição o aspecto da peça central é a “ encenação” de espaço onde se realizou um suposto workshop. Servi-me disso para marcar a ideia do projecto estar ainda em aberto a novos acrescentos e para afirmar a contribuição das várias pessoas que se envolveram muito seriamente nesta aventura. A segunda peça, encostada à parede, é o resultado da combinação de vidro, espelho e prata, materiais reflectores e de transparência que reflectem todos os movimentos da sala como um caleidoscópio.
7.
Agradeço a todas as participantes, que para além das fantasias também me enviaram sites de referência e imagens.
8.
http://kiki-koko.blogspot.com/
Friday, June 02, 2006
Thursday, June 01, 2006
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