Sunday, December 31, 2006

FLANELA DE TAL MEETS WACKY



(ROUBADAS SIMPÁTICAMENTE AO WWW.MONTEDAPENHA.BLOGSPOT.COM)

FLANELA DE TAL PLUS APRESENTADORA DE SUCESSO ACEITAM CONVITES PARA TOURNE

Saturday, December 30, 2006

Wednesday, December 27, 2006

Friday, December 22, 2006

SABADO NAO DA! LAVAGEM ADIADA!

POIS É, A PREÇA ESTÁ CHEIA DE COISAS A ACONTECER E (POR SUGESTÃO DA LILI) ACHEI QUE ERA MELHOR REPETIR A LAVAGEM DAQUI A UNS DIAS QUANDO ISTO ESTIVER TUDO MAIS CALMO!

Wednesday, December 20, 2006

Monday, December 18, 2006

CONVITE

ENDEREÇADO A TODOS OS QUE TIVEREM ALGO A DIZER E A DISCUTIR SOBRE AS MEDIDAS TOMADAS POR RR NO ÂMBITO DA CULTURA

Sunday, December 17, 2006

TEM MAIS IMPACTO COM MUITAS AMIGAS!

PROXIMO SABADO, 23 DE DEZEMBRO. PELAS 11H. QUEM QUER VIR?

LAVAR A ROUPA AO RIO


"...Em pleno Verão, no meses de Julho e Agosto, quando a obra parecia completa, suspeitava-se que uma porção considerável daquele espaço serviria para festas, concertos e outras boas razões para se juntar a população de uma cidade em peso. Fazia lembrar (ainda agora, e com mais razões para este tipo de lembranças porque é Inverno) uma praça da velha URRS.
À beira da nova fonte, lá para cima, na Praça General Humberto Delgado, onde no Verão ainda não se percebia se a intervenção “era só aquilo”, o espaço mantinha-se igualmente amplo. De facto criou-se ali um espaço vazio, não preenchido, gigante.

Com a passagem dos meses a minha suspeita confirmou-se. As requalificadas Praça da Liberdade e Av. dos Aliados converteram-se numa espécie de Feira ou Salão de exposições (os conselheiros de imagem preferiram usar a expressão “sala de visitas”). Penso que as funções atribuídas àquele espaço estavam previstas desde o início pelos dois arquitectos responsáveis, no entanto, e esta parece-me ser a questão, serão estas as funções esperadas por todos para espaço e serão estas funções compatíveis com as necessidades dos cidadãos que por ali passam e que ficam? Ou seja, a função de uma Praça Municipal?

Neste momento não existe ali um sítio onde se possa sentar e conviver. Existem cadeiras e mesas atadas com um “cordel” (serra-cabos) que, para além de serem feias e descaracterizadas, são bastante desconfortáveis. Futuramente existirão ali esplanadas de comerciantes privados. Desconheço detalhes sobre o tipo de contractos que serão firmados, mas será certamente a concretização de mais uma brilhante ideia no caminho da privatização do espaço público (e, por conseguinte, da rentabilização deste) e mais um afastamento das necessidades do cidadão comum que não passam somente pelo consumo de bens ou serviços.

E já agora, vale a pena pensar nas seguintes experiências que ocorrem durante as estações do ano mais dificeis a quem por lá se movimenta ao seguir o caminho longitudinal e/ou transversal: no verão o nosso granito, material tão característico na construção da cidade do Porto, reflecte e fere os olhos, no Inverno não há nenhum obstáculo a atenuar o vento e frio.

No meio de um certo azedume e de muitas reservas em relação a esta “novidade”, conforta-me ver quem se arrisca a pisar a “linha” traçada pelos arquitectos. O alvo principal tem sido a fonte – também lhe chamam “tanque”, “poça” ou “pocinha”, “bebedoro”, e outros nomes que não me recordo – e é curioso o modo como se vai recriando a função daquela “peça” de arquitectura. No verão os miúdos entraram dentro da água e fizeram da fonte uma piscina Municipal. O mais surreal foi assistir às primeiras aulas de natação de uma miúda ainda suportada por braçadeiras!
Parecem os mesmos miúdos que andavam pela praça D. João I e pela Batalha a banharem-se nas águas quentes. São outros, mas com o mesmo espírito e com a mesma intenção, a de habitar livremente o espaço.

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No outro dia, quando ainda estudava a fonte e a minha resposta a este projecto, deparei-me com um cartaz em tecido da Rivolição dentro da água e isto levou-me à seguinte questão: que espaço terá RR deixado para a Cultura? Para aquilo que quando acontece nos deixa perplexos, que nos custa a digerir de imediato, que nos faz pensar e sentir de modo diferente, que nos toca e comove sem termos explicações que justifiquem, que nunca nos deixa indiferentes, que nunca nos deixa iguais ao que eramos quando chegamos?

É caso para perguntar: “O que se passa consigo RR, acha bem que o público não assista a bons espectáculos?”

Os nossos impostos seriam bem empregues se o público fosse sensível à programação de espectáculos com qualidade. Aliás, por comodidade, por questões pessoais de limitação cultural, o RR direcciona-se no sentido do nivelamento cultural, ou seja, alimenta o povo pelo nível mais baixo estando, aparentemente a ser sensível às suas exigências mais básicas de folia!!!
Este sentido é negativo e significa um enorme retrocesso em tudo aquilo que esta cidade conseguiu conquistar nos último tempos pós 2001.

&&&&&

Por esta razão pretendi lavar a minha roupa suja no tanque do RR e seguir o mesmo impulso que os protagonistas dos meus exemplos (acima referidos) seguiram, usar livremente este espaço público tendo no entanto segura uma intenção, a de poder estar também a comentar as medidas tomadas por RR. Recorri a alguns momentos importantes vividos na minha infância para alicerçar a minha acção: as idas ao rio ou ribeiro lavar a roupa (mais tarde ao tanque Municipal) e os infindáveis momentos de conversa entre mulheres que expunham ali a sua vida privada. Sei que hoje ainda existem os tanques Municipais onde muitas mulheres se reunem para lavar e conversar.

Aproveitei a falta da máquina de lavar roupa em casa e a vontade de lhe querer dizer algumas “verdades” para me meter na água gelada, debaixo de chuva e granizo, e lavar algumas peças de vestuário.

Gostaria muito que o Arquitecto Siza soubesse, um dia destes, que me deu muito jeito fazer uso do tanque que ele concebeu seguindo o modelo parisiense dos Campos Elísios, para efectuar a tal lavagem e que estou a pensar em dar lá um mergulho no Verão com a rapariga das braçadeiras. Não por gostar da sua intervenção, mas porque está mesmo ali a precisar de um empurrão para ser usada. No meio disto, gostaria que ele fosse também informado (mas não para lhe endereçar culpas) que já não há nada no Rivoli que valha a pena ver, que vai para lá agora o La Féria.

Venham mais espectáculos com público, viva o S.João e o Euro!..."

Thursday, December 14, 2006

MEMORABILIA!


Sunday, December 10, 2006

Tuesday, December 05, 2006

Friday, December 01, 2006

SR SALAZAR!

[Frases retiradas de revistas femininas da década de 50 e 60]
* Não se deve irritar o homem com ciúmes e dúvidas.
(Jornal das Moças, 1957)
* Se desconfiar da infidelidade do marido, a esposa deve redobrar o seu carinho e provas de afecto.
(Revista Claudia, 1962)
* A desarrumação numa casa-de-banho desperta no marido a vontade de ir tomar banho fora de casa.
(Jornal das Moças, 1965)
* A mulher deve fazer o marido descansar nas horas vagas. Nada de incomodá-lo com serviços domésticos.
(Jornal das Moças, 1959)
* Se o seu marido fuma, não arranje zanga pelo simples facto de cair cinzas nos tapetes. Tenha cinzeiros espalhados por toda casa.
(Jornal das Moças, 1957)
* A mulher deve estar ciente que dificilmente um homem pode perdoar a uma mulher que não tenha resistido a experiências pré-núpciais, mostrando que era perfeita e única, exactamente como ele a idealizara.
(Revista Claudia, 1962)
* Mesmo que um homem consiga divertir-se com sua namorada ou noiva, na verdade ele não irá gostar de ver que ela cedeu.
(Revista Querida, 1954)
* O noivado longo é um perigo.
(Revista Querida, 1953)
* É fundamental manter sempre a aparência impecável diante do marido.
(Jornal das Moças, 1957)

Tuesday, November 28, 2006

Friday, November 24, 2006

QUE INFERNO II!





QUE INFERNO!



Monday, November 20, 2006


Encontrei uma defensora dos Migueis! E uma excelente voz.
É uma mulher do espaço. Em breve.

Wednesday, November 15, 2006

QUIZ: QUEM E ESTE? VA LA, E FACIL!

...PARA A ANA, A TIXA, A LILI, A LOLO, O COLA CAFE, O XI, O DADY, A PATTY, O BITO, AO LITOS, A BECAS, AO GUSMAO, A VANESSA, A VANIA, AO FANECA, A FATT


...À MIMI, AO NECA, À KÁTIA, À PINTAS, À DONA LUISA, À DONA FERNANDA, AO ARQ. ANTUNES, AO DR. JIVAGO, À SR. ROSA, AO PILOTO, AO COMETA, À NINJA, À NUXA, AO BPI, AOS MEUS PAIS, IRMÃO CHICO QUE ESTÁ EM LISBOA E PARA TODOS UM BEM HAJA, DO VOSSO BIGODES

Monday, November 13, 2006



Para alguns um baton dourado gigante para super mulheres, para outros um bolo de aniversário com uma estranha forma e ainda, para os mais atentos um simbolo fálico! Para mim é mais um apontamento de Mauro Cerqueira, o irreverente jovem artista vimaranense que tem usado o desenho como meio previligiado para desenvolver as suas ficções sobre um planeta que (para já) só ele habita. Não percam a conversa com o artista já na próxima terça feira.
(imagens: antes e depois do lançamento no espaço)

ACHO QUE AS 18 HA ROCK!

Sunday, November 12, 2006

http://www.wanda-button.blogspot.com/

******CRÓNICA******
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DOMINGO DE MANHA SOBRE SABADO DE TARDE


Saturday, November 11, 2006

Tuesday, November 07, 2006

better then ever!

Sunday, November 05, 2006

AQUI ESTA ELE!

Tuesday, October 31, 2006

COMPANHIA UTIL!

http://www.nomorepink.com/

Monday, October 30, 2006

CLOSE UP!

BIGODAS COMIGO!?


http://dareceber.blogspot.com/

I LIKE THEM!

http://www.toosee.blogspot.com/
(check out the Lisboa video!)

Sunday, October 29, 2006

Saturday, October 28, 2006

Monday, October 23, 2006

Sunday, October 22, 2006

A (Annie Sprinkle): Do you think we actually made an impact on the world? What world/s?
V (Veronica Vera): The world has responded to us, sometimes with approval, sometimes with disapproval. I think the great challenge is something you attributed to something Carolee Schneeman told you, that we need to 'guard our meanings.' The world is always ready to make its own interpretations and simplifications, we need to stay vigilant that what we mean is clear, especially to ourselves. I see that with my academy project. It is not just about a man in a dress, it is about personal liberation and empowerment. It is about assimilating a consciousness. It is about changing the world.

Excerto da entrevista “breakfast with Veronica Vera: the performance art of sex work”, in “Hardcore from the Heart: The Pleasures, Profits And Politics of Sex in Performance (Critical Performances)”, Annie Sprinkle e Gabrielle H. Cody, 2006.

Cap. A
Amateur
A distância que vai do filme exposto em Guimarães em Setembro deste ano a este, torna, enquanto preparação pessoal para lidar com a questão da pornografia, o primeiro acidental e o segundo deliberado. A discussão pública não aconteceu (apenas a privada), a censura e o boicote também não e as opiniões foram chegando aos trambolhões, de todos os lados, boas e más e algumas boas/más. Confesso que as últimas foram as que mais contribuiram para se desenvolver em mim uma verdadeira onda de mixed-feelings. A avaliação do vídeo e o reconhecimento deste como parte do meu trabalho aconteceu com grande naturalidade até uma semana depois da exposição quando surgiu o primeiro feedback fora da euforia da inauguração.
A crise pessoal, circunscrita a esta questão, prolongou-se por algum tempo até se transformar numa força positiva de encorajamento para começar outro filme (que estava já previsto para Outubro). O que aconteceu de facto foi que a necessidade de dar respostas me levou a procurar outro tipo de material de sustentação do vídeo.

Cheerleader
Alguns pontos de partida: Será toda a pornografia má pornografia? Serão as mulheres consumidoras de pornografia? É a pornografia abusadora da figura da mulher? As imagens da pornografia são esteticamente interessantes? Não procurei obter respostas rápidas, tentei encontrá-las através da experiência directa, realizando um filme que me ajudasse a entender o tema para melhor me posicionar. (No entanto, fazê-lo já foi em si uma tomada de posição.)

Classics
Depois de uma semana de visualização massiva de cultura porno, encontrei pornografia esteticamente irrepreensível e de grande qualidade. Recolhi um conjunto de boas imagens de pequenos filmes, alguns deles disponíveis gratuitamente na net como amostras (gosto em particular de sites indie porn), longas metragens e principalmente dos anos 70/80 (talvez porno chic), que guardo na memória.
Vi também, e praticamente em igual número, filmes muitíssimo desagradáveis. Incluíam exploração, violência, agressividade, abuso e dor em níveis muito elevados sem qualquer tipo de preocupação de constituir um enredo e sem critério na escolha de imagem. Ou seja, o pior da pior pornografia.
Do espectro de filmes porno, pude concluir que havia uma grande diversidade. Isto é uma verdade comprovável pelo número de géneros e subgéneros e pela variedade de classificações como soft/hard ou ainda outras como a cor da etiqueta, idade apropriada, etc.
Concluo que há uma forte probabilidade de existir boa e muito boa pornografia. Pelo menos tanto quanto existe má pornografia.

For ladies
Ao avançar, decididamente, para o primeiro filme eu já tinha ganho, aliás, perdido, o medo a este género de imagens. Alguns dias depois do filme estar em exposição encontrei uma amiga que me lembrou que alguns meses antes eu lhe tinha recusado um convite para fazer um filme porno!
Neste momento ainda não me revejo na mulher que sai à rua para ir comprar um filme ou ver as últimas novidades dos gadgets sexuais na sex shop mais próxima simplesmente porque não me identifico com o gosto dominante destes sítios e porque acabei por me acomodar à utilização da net para aceder a sites ou a fazer compras online. Assumidamente, consumo pornografia. Calculo que não seja uma excepção. Certamente existirá um número surpreendente de mulheres a consumir pornografia, no entanto não sabemos o que procuram. Caracteriza-as a discrição dos seus hábitos e atitudes perante a pornografia.

Upskirt
Relativamente ao abuso da figura da mulher, dentro da variedade de filmes (é preciso não esquecer), possivelmente estará mais presente num género do que em outro. Mas vale a pena questionar: o que se entende por abuso? Será a exploração do corpo da mulher e da performance que este opera em cena? Será a utilização deste mesmo corpo como suporte de violência, dor e humilhação? Esta tentativa de dar uma resposta será necessariamente evasiva, uma vez que a questão é sensível. Compreendo que este seja um trabalho difícil, mas sê-lo-á para ambos os sexos. Certos depoimentos de actores masculinos reflectem precisamente a dificuldade em conseguir uma erecção e mantê-la durante o tempo necessário até a cena estar satisfatoriamente concluída. É conhecido que a pressão nas filmagens recai sobretudo no elemento masculino uma vez que o enfoque é dado ao pénis (que é substituto do homem enquanto sujeito por inteiro!) e à sua presença como motor da acção. Curiosamente é a pornografia gay que parece trazer mais dificuldades ao parceiro activo da relação, para além da pressão que referi, tem um lado mais violento que exige da pessoa uma extraordinária preparação física.

Femdom
Por outro lado, partindo do principio que a pornografia é direccionada para o olhar masculino (que o é maioritariamente, e é pelo menos a mais divulgada pelo mercado a ver pelas prateleiras das lojas e video clubes), ou seja que é para homens, estamos a pensar sobretudo no jovem individuo, heterosexual, destituído de grandes devaneios e excluímos de imediato toda a pornografia gay masculina, a transexual, a s&m, com animais, com objectos, etc, onde nem sempre está presente a figura da mulher. Novamente, a pornografia é tão diversa que é redutor tomar a parte pelo todo. Um bom exemplo são os filmes s&m onde a humilhação masculina é um tema recorrente.

Pedal Pumping
Com isto não quero dizer que consinta toda a pornografia (sobre a violência de algumas imagens considero que existem limites e que cada um deve reconhecer os seus) e que desculpe o sexismo existente. Acho-o tão presente e tão impositivo como em toda a cultura em geral. Sou da opinião que a pornografia dita tanto comportamentos sexuais dominantes como abre novas possibilidade de expressão da sexualidade de cada um, permitindo encontros com outros métodos de estímulo na procura de novas formas de prazer. Num dos sites mais interessantes que já acedi (parece uma biblioteca gigante, como vi uma vez em Oxford, UK) existe uma secção fabulosa chamada Instructional, onde se ensina o Cross Dressing, ou seja, a travestir; a usar as cordas em performances s&m; a fazer um hand job, a si próprio ou ao parceiro/a; ensinam-se troques de fellatio, a organizar uma sessão de sexo em grupo entre outros ensinamentos, e muitas das vezes é reforçado o carácter educativo colocando uma ardósia no cenário.

Tickling
Alguns pontos de chegada, sobre o meu filme: o filme é soft core, mas contém imagens sexualmente explicitas, logo é pornográfico, mas não segue os códigos da pornografia. Será porno?
O filme é idêntico à realização de uma fantasia masculina, será que foi feito para o olhar masculino?
Estas questões foram retiradas de conversas com amigos sobre o primeiro filme. Assumo que o filme até possa passar por “vulgar” à primeira vista, mas fora minha intenção jogar entre os dois universos, o da pornografia e o das artes visuais. Deliberadamente usei um dos meios priveligiado da arte contemporânea, o vídeo, e a possibilidade de o expor numa instituição, num centro cultural, para dizer coisas realmente importantes para mim; ao mesmo tempo estou fora dos circuitos da “indústria da pornografia” mas quase dentro pela imitação das etapas de produção de um filme do género (o que incluí actrizes semi-profissionais, criação de cenários, etc) e mesmo na edição final. Em ambos estou com um pé dentro e outro fora, posicionando-me como uma insider e uma outsider em simultâneo. A estranheza que muitas vezes foi referida tornou-se para mim o aspecto mais importante de todo o filme e muito provavelmente o que melhor espelha os meus propositos. Pessoalmente o filme não me provoca nenhuma sensação particularmente estranha, bem pelo contrário. Após a exposição o filme sofreu alguns cortes, foram retiradas algumas cenas que me pareciam prejudicar a atenção do essencial no filme, com este novo ajuste o filme ficou ainda mais próximo do que eu imaginei. Procurei então encontrar uma justificação para este desencontro de opiniões.

Instructional
Mais uma vez ajudaria dar uma explicação por percentagens aproximadas se existissem dados suficientes. Da totalidade do material visual a que chamamos de pornografia uma pequeníssima parte, talvez a mais pequena de todas, é dedicada ao género all women ou all girl para mulheres. E daí nós nem prestarmos muita atenção ao género ao ponto de ser praticamente invisível.
É conhecida a curiosidade masculina em observar e em alguns casos interagir com duas mulheres que estejam a ter um relacionamento sexual e o mercado da pornografia (e não só, mesmo na publicidade mais banal de uma marca de jeans é capaz de usar visualmente este desejo) dá resposta a essa procura. Mas é totalmente desconhecida a curiosidade de uma mulher de se relacionar com outra mulher, ou seja, projectar-se numa das personagens e sentir prazer (sensual, sexual, estético, etc.) ao ver(-se) a interagir com outra mulher. Por duas más razões: a) as mulheres não gostam de pornografia; b) as relações sexuais entre duas mulheres são entendidas geralmente pela falta, pela ausência do pénis, logo não é sexo “a sério”. Logo, pode-se perceber a questão, será isto porno? Sim, é pornográfico, soft core, all women ou all girl, realizado por uma mulher e que pretendendo ser também para mulheres.




Cunnilingus
O desvio estará sempre presente na realização de qualquer obra, quer seja um desenho quando a mão não obedece, quer seja um texto que é escrito com as palavras erradas, quer seja vídeo que não é suficientemente directo. Pretendi orientá-lo o mais possível aos meus propósitos, no entanto, não me posso defender da acusação de ter produzido material pornográfico para o olhar masculino (e deste modo contribuir para mais um vídeo na prateleira dos vídeos pornos most watched). Do mesmo modo que as mulheres recorrem à cultura homossexual masculina (principalmente a revistas) para verem boas imagens do que mais apreciam num homem, ou simplesmente por curiosidade, também é natural que o olhar masculino se sinta excitado por estas imagens. Ou seja, não me parece ser possível separar as “águas” a este ponto. Agora, vale a pena voltar a falar na tal estranheza e conjugar aqui uma série de aspectos já referidos: há diferenças, ainda que subtis, entre um show lésbico mais vulgar e este filme. Está presente no filme um ritmo muito próprio, uma sensibilidade especial que os filmes porno não têm normalmente. Em todo o filme se presencia imagens visualmente interessantes, bonitas, que apresentam o encontro de duas raparigas, fora da cidade (ver texto anterior), para terem uma experiência fora do julgamento social. Ao observador é dado a acompanhar um momento de intimidade descomplexado, natural (recorreu-se ao mínimo na criação do cenário) onde o corpo da mulher é celebrado positivamente.


Cap. B
Ballon
O meu projecto desta vez era criar um cenário doméstico, talvez uma sala, para conseguir um ambiente mais íntimo para o filme. A protagonista do filme estaria numa situação perfeitamente natural e iria interagir com os objectos espalhados pela casa. A única orientação era precisamente que ela sexualizasse tudo o que estivesse contido naquela área. Interessava-me sobretudo que ela se estendesse pelas paredes, chão, mesa, sofás, pequenas peças decorativas e telefone e deixasse a marca da sua presença nas coisas que ficaram. Pretendia que um cenário disponibilizado ao público para entrar e sentar fosse o momento de cruzamento entre as duas realidades, fora / dentro de um filme porno.

Ponyplay
Numa semana compraram-se os móveis, tentou-se arranjar vestuário mais interessante, tentou-se arranjar dinheiro, contactaram-se actrizes, planificaram-se as cenas, etc. Em ambos os filmes a produção foi absolutamente desgastante, mas a deste último foi, sem dúvida, a mais complicada. Pelo caminho fui encontrando vários obstáculos, desde a dona da loja de roupa que não me atende, às actrizes que têm que sair do país e ao dinheiro que deixa de existir. Por um mal entendido ocorrido durante um telefonema, toda a produção foi paga por mim à excepção das paredes do cenário e possivelmente, a edição do vídeo. Os valores dispendidos já tinham disparado muito acima do valor acordado para a produção, mas contava com aquele apoio para ajudar a suportar os custos. Neste situação valeu a pena equacionar todos os ups and downs presentes e passados para prosseguir com as filmagens, captação de imagem, a edição do vídeo e a exposição final. De facto, as filmagens foram o momento alto de todo este processo, quer pela animação presente e pelo conforto de não estar sozinha, quer pela partilha e confronto de ideias entre todos. As filmagens não passam apenas pela concretização das planificações registadas nos meus cadernos, mas pela flexibilidade de deixar que todos participem, que acrescentem qualquer coisa sua, desde a performance da actriz às duas camaras que registam o olhar particular de quem filma.

Crush Freaks
Para estes dois filmes tive pouco tempo, dinheiro e, consequentemente, poucas alternativas. Assumo os ganhos e as perdas. O filme, como resultado, podia ser outro em outras condições (mesmo pessoais), assim este é o melhor possível.

Friday, October 20, 2006

Amo-te gata II

Sunday, October 15, 2006

Tuesday, October 10, 2006

brenda!?