Friday, August 29, 2008


1.
Passei Três dias a dormir.

2.
Reformulação das bandeiras de todos os países:
as bandeiras passam a ter as cores da terra local do próprio país – ocre, bege, rosa, vermelho, esverdeado, castanho, etc - e o enquadramento do rectângulo é pensado em função da relação da população com a área do território.
[Sugestão da Carmen enviada à ONU]

3.
Serra da Lousã - Praia S.Pedro do Moel

4.
Golden Notebook

À boca da barra, se perde o navio


August 13, 2008
Existe entre a arte e o poder político uma relação de interesse e importância recíproca. É precisamente nas oportunidades de as duas partes se aproximarem que se tornam evidentes as estratégias de ambas para retirarem daí o maior proveito e alcançarem os objectivos que lhe são inerentes. A tradição de ambas confirma as vantagens em termos genéricos do que daí resulta, no entanto, revela também os erros cometidos e repetidos no passado, que por vezes, se sobrepõe, a longo prazo, ao que de positivo se conseguiu. Ou seja, arrisco-me a dizer que o eventual resultado final possa ser um empate, não ganha ninguém.

No dia dedicado à comemoração oficial do dia de Portugal e de Camões, foi inaugurada uma exposição encomendada pelo Estado Português (Museu da Presidência), que contou com a participação de umas dezenas de artistas portugueses que estiveram “lá fora” temporariamente ou que por lá ficaram. Ora o que realmente se estava a celebrar era a emigração artística, sem qualquer pudor ou reflexão, e a impossibilidade de um país. O convite da exposição pode ser entendido como um bilhete para os jovens artistas, com expectativas de tornarem o seu trabalho visível, para apanharem o próximo avião para Berlim, Paris, Londres, Nova York – porque, definitivamente este não é um país para se viver e trabalhar. A presença do Presidente da República sublinha a contradição, ou mesmo erro, na sua estratégia de união entre poder político e arte, ao reconhecer que falhou em não promover um ambiente propicio à existência de uma cena artística sólida e interessante o suficiente para se tornar, eventualmente um centro, ainda que pequeno, capaz de chamar atenção pela cultura que tem. E este erro de estratégia têm-se repetido de tal forma que passa despercebido, já ninguém dá conta, quanto mais não seja porque o evento está revestido de um certo carácter festivo e a concentração dos media e da opinião pública, até agora, está no dia em si e no seu significado e na figura do Presidente – seria pouco patriótico pensar que se poderia tratar de erro de estratégia e até de negação de pátria.

Por oposição, no Reino Unido a estratégia é realmente eficaz e funciona a vários níveis, sem que seja, no entanto muito complexa – aliás é bastante simples e importável. Um Young British Artist continua a ser o cartão de visita do país e sem qualquer dúvida, a moeda de troca, mas não só no âmbito cultural – veja-se a influência que ainda tem a nível económico. O jogo difícil entre o poder e os artistas, escolhidos pelo sistema como representantes que a isso se sujeitam, a si e à sua carreira, torna-se vantajoso para o próprio país e para a localização deste no panorama da arte contemporânea, mas mais uma vez, isto já vem da tradição.

Mas falar de artistas individuais e fazer uso do contexto inglês apenas ajuda a tornar a situação mais clara, uma vez que é um dos exemplos mais evidentes, porque a instrumentalização da arte pelo poder e vice versa, tem sem dúvida melhores exemplos em eventos colectivos, de grandes dimensões, em lugares estrategicamente escolhidos: principalmente em bienais e em eventos semelhantes.

Já o “Allgarve” a sul do Tejo, este ano na segunda edição, com características de proto-bienal, é marcado por uma estratégia adequada aos tempos modernos ao reclamar para a região do Algarve visibilidade, tornando-se um sítio apelativo para o investimento internacional. A captação do turismo tornou-se insuficiente mediante os planos de desenvolvimento da região e apenas o prestígio atestado pelo Museu de Serralves consegue satisfazer os desejos mais sofisticados dos grandes investidores mundiais que não se ficam pelo sol e mar. O “Allgarve”, distingue-se do “lá fora” por promover o local e integrá-lo no global, demonstrando o potencial do que este pode vir a ser, criando expectativas económica e culturais. “lá fora”, não só despromove o local como confirma o vazio sentido de que aqui “não se passa nada”.

Ainda é sob uma aparente ausência de interesse mútuo que a arte e o poder são entendidos mesmo quando isso é evidente como nestes dois casos. No entanto, tal como disse no início, a relação existe e é um facto, que por vezes é bem conseguida enquanto resultado alcançado e outras vezes não. A instrumentalização de uma pela outra é uma inevitabilidade da actualidade e segue a lógica do mercado. O que é preciso é saber jogar e aqui o papel do negociador, a quem a encomenda foi entregue - o curador, é saber fazê-lo entre os vários interesses de forma inteligente e não se perder na bajulação do poder por si mesmo.

Monday, August 25, 2008

POEMA PARA UM COVEIRO

Corres com a mentira na mão
A pensar que foi traição
O mundo é cão, lembras-te
Com pouca razão, satisfazes-te
Canivete e pó da estrada
Enches os olhos de porrada

Nem por casualidade
Volta a vaidade
Ou por deslize
Caio na pieguice
Morto na caixa
Sapatos sem graxa

Lixo por lixo,
Corte na testa
Da próxima não há festa
Desacreditaram-me por nada
Deixei cair a espada
Forte é ter lata
Quando se maltrata

Saturday, August 23, 2008

VERÃO 2008: NUM FAROL, PUXA DA CAMISOLA E JÁ ESTÁ


...não tenho justificação para a falta de participação de artistas portuguesas nesta proposta (até ao momento contribuíram trinta artistas britânicas). A minha explicação certamente que não ajudou muito. Ou talvez tenha sido o verão e por aqui calhou estar toda a gente de férias. Ou então andamos todos ocupados com coisas que nos roubam tempo ou então continuo a esfarrapar desculpas. MINOR BREAST / “ou um espaço só seu e de mais ninguém” – é sobre tudo, só não é sobre “este” contra “aquele”.
Tenho a certeza que vai ser uma publicação para ler muitas vezes.

Monday, August 18, 2008




Dear fellow citizens,

1. Não é por outra razão que me entretenho com Malária! - estou diluída: entre a teoria e a prática e entre o pessoal e o colectivo (sem perceber muito nem de um nem do outro).

2. É difícil seguir as ramificações de uma banda quando esta se desfaz. Neste caso ficaram todas muito mais bonitas e zás, se calhar mais felizes também.

3. Leio muito sobre o sol, mas não temos tido contacto.

4. Tenho alguns textos começados e outros a terminar...e a vizinha de quarto Y apanha sol na praia e esquece-se quando anoitece, adormece a ler os livros do colégio de línguas e entretêm-se a desenhar assinaturas nas fotocopias que lhe dão. Isto é uma novidade. É por isto que é muito melhor partilhar casa.

5. Ela também fala pelos cotovelos. A única vez que a vi atrapalhada foi quando reparou que tinha um encontro marcado. Disse-me que detestava ter encontros com horas marcadas.

6. Da Polónia são conhecidas as tipografias populares que muito têm influenciado os designers europeus. Um amigo meu criou uma tipografia a partir de umas letras que viu numa lavandaria polaca. Por coincidência esta semana apanhei mais um que fez o mesmo, mas com excertos de texto que aparecem nos sinais de transito.

7.

Sunday, August 17, 2008

Tuesday, August 12, 2008

TRASH...


1. Ponto único deste post: O TALENTO NÃO EXISTE! ALIÁS NENHUM TALENTO EXISTE!
(QUANTO MUITO TALENTO É VONTADE)

Sunday, August 10, 2008


“Fiquei a saber no outro dia que você se tinha tornado numa celebridade: vejo que tem gasto as mãos enquanto eu gasto os pés”

Nota de afazeres para a semana: vender roupa, vender livros, vender ouro, vender sapatos.

O post anterior é o resultado de um exercício de meditação. Na realidade ninguém se ausentou de casa.

Com sensualistas, homens de génio, protectores e cometas, não quereis nada.

No verão a trabalhar em ritmo lento, só se está bem com vento!
(Em Setembro haverá colónia de férias)

Saturday, August 09, 2008

!!!PLEASE I NEED YOUR TRUST!!!!


Saem dois putos da porta do sítio onde vivo. Um tem quinze anos, cabelo pelos ombros gorduroso, bastante magro, brincos, nenhuma tatuagem, algumas borbulhas, veste de preto, tem botas ou sapatilhas de cano, a coluna está torta, fala baixo e é muito tímido...se calhar até nem é, ele é que não acredita em nada do que tem para dizer nem em ninguém e por isso não fala. Saí à rua a qualquer hora, se alguém o abordar ele ri-se e põe-se a andar. Não se leva a sério - nada. Se calhar muda de trajecto para se cruzar com um velho esgrouviado num beco qualquer. O outro puto é provisório. Só aparece quando ZXed está relaxado. Já eu, sou sempre o mesmo.

spammmm! THIS IS HOW SHE DO IT

Meios de Comunicação

1. O JV não entende como me exponho tanto neste blog. Confirmamos os dois que é uma questão geracional. Ficou tudo resolvido. Mas se restarem dúvidas, os anos 90 explicam! Consultem-nos.
2. A leitura deste blog não dispensa a minha presença. É que às vezes não me falam.
3. Coloquei à venda o Néscio na Matéria e na ink. Preço modesto para que se leia.
4. Vou vender os meus livros para editar novos. Por isso, ouvidos atentos que aqui vai uma biblioteca anarco-feminista-porno-ilustrativa-cómica-desenhada. A não perder num fim de semana destes, entre Agosto e Setembro.
5. Continuo a alugar quartos para ir viver para Paris.
6. Daqui em diante continuarei a correr os 4kms que unem uma parte da cidade à outra. Trajectos sem grande sentido.

Thursday, August 07, 2008

Woman pushed on to railway line after asking men to stop smoking

1. Inside the Martha Rosler Library: Não se pode escapar. "Its materials are, admittedly, organised a little differently from the average public library. The first books you encounter are political texts - a huge collection of radical tracts and studies, many of them analysing American foreign policy." (edinburgh)
2. “Lá fora” está a chover e amanhã vou a Viana. Eu não concordo e até discuto.

Tuesday, August 05, 2008


Braço de Ferro (Isabel Carvalho & Pedro Nora) is a small Portuguese publisher that works with art & design.

This summer Braço de Ferro were invited by Spike Island, to undertake a residency in Bristol. The outcome of this residency will be a publication to be launched at Spike on 13th of September.
"Minor Breast", forms part of this project and is a collaboration with Bristol based artist Clare Thornton. The project has developed through their shared interests in community, collective production and a desire to get to the very heart of the matter.

"Minor Breast"
Will be a collection of contemporary reflections and strategies for surviving lost love, heart-break and getting through moments of crisis. Gathered through an international female network of friends, family and contacts, Minor Breast will focus on asymmetries, sexuality, sharing of intimacy and feminism. It seeks to be a creative and honest public platform through which you can share.

We invite you to share with us the advise that got you through.
Whether passed on by another or learned through direct experience we'd like to receive your creative and poetic contributions to surviving the hardest of times and navigating the interwoven highs and lows of life/love/work.

Please post your short, handwritten responses to:
Clare Thornton (if you are UK based)
75 Chelsea Road, Bristol, BS5 6AS
Or Isabel (if you are based anywhere else!)

1. Na noite passada estive a falar com um amigo de quem estive afastada durante muito anos. Andávamos perto, atravessamos as mesmas passadeiras, demos milho às mesmas pombas, apertamos as mesmas mãos e bebemos do mesmo copo, mas não chegávamos a ter uma conversa que se comparasse à de ontem.

Começamos por falar sobre outra pessoa e através dessa pessoa (ausente) começamos a falar de nós mesmos. A conversa durou sete minutos.

Gostei muito e por isso agradeci-lhe. Hoje de manhã recebi um bilhetinho no fakebook (plataforma de troca de folhinhas de cheiro, pré-ciclo, que nos obriga a dizer o que fazemos, o que pensamos e a trocar amigos à bruta! sistema de controle pior que os cartões magnéticos dos pontos do supermercado e que eu simplesmente renego tanto quanto posso) era uma coisa tonta, sem relevância, mas aproveitei para ver o que ele andava a fazer. - O mesmo que fazia quando tinha 14 anos. O mesmo imaginário, a mesma habilidade para fazer desenhar.

Fui aos correios a pensar no que se mantém e no que se altera e porque se mantém e porque se altera. A minha maior pré\ocupação é a monotonia do que nunca se altera. Pelos visto ele resolveu isso. Mantém-se a acreditar no que é e no que não poderia ser diferente. Este episódio fez-me retroceder uns anos.

2. Com a preparação do projecto da publicação, comecei a ler literatura antiga e deparei-me com o tema da educação das raparigas (sec XVIII). Acabei por atravessar este assunto com o episódio anterior. A educação é uma deformação que nos acontece até certo ponto. Depois, com sorte, torna-se uma escolha. A mim educaram-me a ser só sentimentos e a acreditar. Então eu concebi uma imagem do universo simplificada que naturalmente não correspondia à dos Atlas. Da primária para o ciclo, perdi a professora Narcisa, ganhei cinco outros professores e uma ainda por cima morreu. Tinha também novos temas para estudar e o mais complicado foram as Ciências. Que desafio este que me impuseram, saber que afinal no centro da terra não era nem o sol nem o inferno; que haviam vulcões que pareciam o purgatório; que o Céu não terminava num tecto formado por nuvens; que a água da chuva era a mesma que cai na relva e que depois se esfumava para o ceú; que existiam dinossauros (quem é que tomava conta deles, Adão? Eva? Moisés?); que depois deixou de existir vida, mas depois voltou outra vez e não tinha sido nem no dilúvio nem na separação das água; que nós talvez derivássemos de animais que por acaso eu tinha visto no jardim zoológico da Maia! Naturalmente reprovei em matérias da natureza. E o professor chamou a minha mãe: “a sua filha é tão brilhante quanto confusa!”.

3. Li um catálogo da yoko ono e tirei apontamentos e associações.

4. Se eu pudesse mudava o ringtone do meu telefone para a Whitney Housten: greateste love of all - Everybody searching for a hero / People need someone to look up to / I never found anyone who fulfill my needs / A lonely place to be / So I learned to depend on me.

Monday, August 04, 2008

Olá, já saímos e voltamos daqui a uma hora.

Se acordarem mais cedo têm coisas para o pequeno almoço, pão e café, pelo menos.

Se quiserem fiquem para o almoço que vale a pena.

Só mais uma coisa, não fotografem a casa.

the blind lead the blind

...no wonder they both fall

Sunday, August 03, 2008


Clare said , gathering stories not stones...
os opostos do mesmo eixo: male and female, Clare and Richard.