Wednesday, November 26, 2008

Uma vez é vez. Volto entre sábado / domingo.
O monte é bonito, mas longe.
Dois passos para a frente e outros para trás.

Tuesday, November 25, 2008


O indisciplinado, Genesis P-Orridge deu corpo ao tema “I want discipline” dos Throbbing Gristle em palco. O registo da performance mostra-o como: sóbrio ao mesmo tempo que parece estar possuído ou tomado por qualquer fenómeno paranormal; ausente e introspectivo ao bater com a cabeça numa coluna, como muito comunicativo com o público ao beijar um fã (que lhe responde com singulares contorções do tronco); maquinal na repetição intercalando com gestos bruscos e destruidores associados a subidas súbitas de tom. Embora inseparáveis para a concretização do acontecimento, os elementos - o som, a palavra e a performance - têm pesos diferentes. A repetição da letra, como as oscilações do ritmo da voz que profere a palavra “discipline” e da bateria, é desarmante – muitos fãs da musica industrial acusam este tema de insignificante dentro do contexto da banda, no entanto nunca dela se esqueceram (lembra um cântico espiritual para alcançar algum estado mais elevado de existência).

Assim parece que a performance ganha um papel de destaque. A associação entre a performance e a disciplina lembra, inevitavelmente uma marcha militar, mas, em G P-O só podemos ver um militar em transe a exigir o que dele supostamente se exige, percebendo-se bem o alcance do confronto através da paródia – G P-O vestiu-se muitas vezes de militar antes de iniciar o seu processo de transformação de identidade. Outra associação possível indica a performance como uma disciplina da Arte, com um campo crítico e um percurso histórico, que classifica, cataloga e inscreve no seu manifesto conceptual acções caracterizadas pela espontaneidade, indisciplina e revolta. E é neste ponto preciso que o evento “I want discipline” acontece - uma noite relâmpago dedicada às performances em palco com referências identificáveis da História da Arte e da Cultura Popular.

Entrega de propostas até dia 15 de Dezembro 2008.
Cartazes à solta pela FBAUP
Quinta-feira de madrugada: partida, largada.
É um inferno imaginar que não há nunca interferências.
Daí a volta estar marcada para sábado à noite.

As viagens encantam-me. Se me perder tanto melhor, desde que não seja muito.

Levitar ossadas nas aulas é assombroso.
Fazer presépio é outra coisa.

A Teoria do Medalhão a aplicar - está integralmente disponível.

Sunday, November 23, 2008



predilecções para já, eu vou para a Venezuela às custas de dar referências falsas e ao brasil (de passagem) no verão, festejarei o meu aniversários entre desconhecidos; mais uma tribo canibal vai ser descoberta e vão ser encontradas imagens bastante interessantes sobre adoração solar. Sentido de humor não falta.
ps. ganhará o prémio edp o gustavo sumpt.a.

Saturday, November 22, 2008

Arrumar coisas nos seus sítios:
Logo vou à concorrência e se lá fores manda-me uma sms. Não estou à espera, mas pode acontecer. Estou na fase da homenagem. Cuidado não é mau!
Estes (do video) são sintoma de convulsões internas. Prevejo.

Wednesday, November 19, 2008

umaflechanatesta

"Rua Vertical" sobre a C213


Arranque do texto para evento futuro: O indisciplinado, Genesis P-Orr)idge deu corpo ao tema “I want discipline” dos Throbbing Gristle em palco. O registo da performance mostra-o como: sóbrio ao mesmo tempo que parece estar possuído ou tomado por qualquer fenómeno paranormal; ausente e introspectivo ao bater com a cabeça numa coluna, como muito comunicativo com o público ao beijar um fã (que lhe responde com singulares contorções do tronco); maquinal na repetição intercalando com gestos bruscos e destruidores associados a subidas súbitas de tom. Embora inseparáveis para a concretização do acontecimento, os elementos - o som, a palavra e a performance - têm pesos diferentes. A repetição da letra, como as oscilações do ritmo da voz que profere a palavra “discipline” e da bateria, é desarmante – muitos fãs de musica industrial acusam este tema de insignificante dentro do contexto da banda, no entanto nunca dela se esqueceram (lembra um cântico espiritual para alcançar algum estado mais elevado de existência).

Tuesday, November 18, 2008

DEDICADO AO KIKI QUE NUNCA GOSTOU DOS SY


DEDICADO AO KIKI MIL VEZES

Monday, November 17, 2008

Uma possibilidade - economia dos afectos – ultimamente falam-me muito disto e se é do sentir, a mim parece-me bem.

A minha irmã está a entrar em período descrença para com os mais profundos pensamentos humanos porque estes isentaram-se da participação das mais belas damas. E ela cita os nomes com desgosto e asco, nem os seus heróis o foram de facto – sem as damas, passam todos por velhacos.

A TCP, diz que no escondido há mais liberdade. O mesmo penso eu das damas, públicas o suficiente e atravessadas.

Pois, de certeza que as damas conversavam e tinham crises existenciais profundíssimas, tanto quanto agora – que as encontramos à peneira. Umas chatas idealistas como são, devem ter feito umas boas milhares de revoluções silenciosas.

E eu escuso-me de dizer isto muitas vezes porque tenho mil defeitos culturais culpáveis ao facto de me terem deixado escolher as minhas próprias referencias. E eu escolhi, entre as boas e más companhias - se ao menos houvesse alguém que me travasse. E as damas são, sem qualquer duvida, as que mais me implicam. Os meus fantasmas também.

Saturday, November 15, 2008

Mulher com espada entre dentes

Lisboa, 11-,13.

Lá não há inverno, está visto.

Espectáculo ao estiilo vampiresco – apontamentos sobre personalidades deslocadas. “Às vezes, há noites que sou predadora” (enfim, citações)

Pintura, pintura e PINTURA, três exposições de Arte em tempos de crise, mas com mérito próprio. 0 pontos para a galeria GB que não aposta em calhas de iluminação.

Um quarto é já uma casa também, um dia contém uma vida; comprei contos do Machado de Assis.

Patrícia vou-te enviar um presente. Afinal não babei o sofá.

Um espirro é um fantasma a manifestar-se.

O livro do Mário vai sair daqui a umas duas semanas.

Hoje- fazer finta ao Inverno e assaltamos a praia de tarde.

Não há preço para o tempo livre, embora dê muito trabalho. Vou precisar de meses para desintoxicar, talvez anos.

Estou muito entusiasmada com o projecto da Clare. A Arte documentada que depois morre (já se sabe), o livro enterra-a - daí refazer, actualizar performances num festival. Repetir, relembrar. Mil vezes, em mil noites. E os livros? Não podem fazer isso. Gosto muito deste eixo (curioso), performance - livros.

Aos poucos gostamos disto de viver aqui. Em conformidade com o desejável, conformamo-nos. E bem. Vejamos o vídeo...

Wednesday, November 12, 2008

- "A rapariga mais atraente que eu vi nos últimos tempos foi uma tratadora de golfinhos, num tanque - hospital, que deu na televisão".
- Encontram-se texturas bastante interessantes em papel autocolante barato.
- Aniversário no Nepalês - levo papel de carta com cheiro como presente.
- Maxia em Vigo.

Tuesday, November 11, 2008

Fortunas debaixo dos nossos pés!



1 Se eu pudesse comprava uns brincos que vi numa montra.
2 Por demasiadas vezes estou a viver o passado.
3 O pior é perder tempo nisso.
4 Vou pintar os olhos a egípcia e andar como se andasse num corredor.
5 E ler sobre turismo.

Sunday, November 09, 2008

Mesa de voodoo: num quarto vazio, uma mesa com duas canetas, uma escreve a azul e outra a vermelho.

Friday, November 07, 2008

1. A documentação afinal não existia.
2. O homem mais alto do mundo limpa as tripas dos golfinhos com os seus braços enormes.
3. A imagem do canivete é para testar imagens para uma ideia.
4. Aceitas seguir os clássicos ou danas-te?

Wednesday, November 05, 2008











Porque me perguntam tantas vezes onde está o meu trabalho e porque razão não o mostro aqui, decidi apresentar uma performance colectiva que durou 24h. Espero que gostem. Toda a documentação da performance está no final do texto.


Chegámos à estação às 6h da manhã tal como combinado. Passamos antes pela padaria e pelo quiosque, alimentamo-nos de bolos e lemos as notícias do dia, mas não trouxemos nada connosco excepto agasalhos. Na estação vieram ao nosso encontro três amigos. Abraçamo-nos com força e trocamos palavras de emoção. Éramos um grupo que não passava despercebido a quem passava na rua, pelo barulho e pelos saltos que dávamos, meia volta, no ar. Avançávamos em direcção à praia. Estava uma manhã gelada com um denso nevoeiro, mas supus logo que em breve iriam aparecer os primeiros raios de sol. Chegados à praia retiramos as meias e os sapatos, arregaçamos as calças e percorremos a areia em direcção à mar. O nosso peso fazia a areia molhada ceder e deixava marca. Eu pus-me a andar ao contrário, tipo caranguejo, a ver primeiro o chão marcado de pegadas e segundo, ao levantar o olhar, todos os outros grupos, semelhantes ao nosso, que vinham na nossa direcção. Quando paramos já estava um sol brilhante. Levei a mão ao rosto para retirar um pouco de luz aos olhos e melhor poder escolher onde nos sentarmos. “Aqui, Ali, Aliii!” Acabamos por nos sentar onde a maioria apontou com o braço. Ali mesmo, distante das rochas e numa área onde era tudo o mesmo plano. A paisagem era uma total monotonia. A areia era clara e muito fina, lavada pelo mar, sem búzios, pedrinhas ou lixo. Para a frente a linha do horizonte impunha-se. O que víamos dividia-se em duas metades: uma amarela e outra azul, areia e mar. Não havia mais ninguém nas redondezas excepto o grupo que não parava de crescer. Estendemo-nos na areia às doze, no sol alto. Cobrimos os olhos com óculos escuros automaticamente. Vestíamos todos de preto – pareceria que íamos arder dentro de instantes. Éramos já cerca de umas quatro dezenas espalhados por ali.

Quando estávamos todos instalados tive que pedir a palavra porque o meu tom de voz não se afirma por si mesmo e só a custo e por uns breves instantes consegui falar num ambiente silencioso. “Caríssimos, estamos aqui para mais uma vez assistir ao pôr do sol em plena amizade e em comunhão de interesses, espero que estejam bem dispostos e que tirem partido do dia”. Riram-se todos às minhas custas e pela minha ingenuidade, bem sabia. Mas o que eu não podia permitir era que me estragassem o dia e começasse a pândega dos vadios que nunca mais tem fim. E contra mim falo, que mesmo que os censure não posso negar que somos todos muito parecidos.

Ora, quem éramos e o que fazíamos ali afinal de contas? - quantas vezes me forço a trazer à memoria esta pergunta, para que a resposta me tranquilize. Nós somos todos os pessimistas conhecidos, um círculo de descrentes: somos os que têm a bota ao pescoço e imploram por mais, os que estão sós e afastam a única pessoa que os aguenta (a mãe?), os que perdem tudo e continuam a jogar para se endividarem de seguida, os que se magoam e voltam a lutar, os que põem álcool na ferida, os que caem e que se atiram de novo, os que não são facilmente reconhecíveis...
Somos também os idealistas, os que vivem a distâncias incrivelmente longínquas de todos os outros, somos os que vêm só com um olho o que o olho humano não permite ver, os videntes das folhas de chá e os premonitores do futuro (assim acreditamos), os que são insuportáveis à sociedade porque pensam que a culpamos (e isso não é totalmente verdadeiro), os que morrem todos os dias e renascem por milagre (pensamos que não gostar de viver é uma criancice, de outra maneira tínhamos terminado com isto de uma vez), os que desistem muito rapidamente dos seus projectos (de vida) por nunca correrem conforme o imaginado, os que desconfiam que os outros nunca têm razão...
Somos então a perfeita harmonia entre o elogio da figura da vítima e a vingança do herói, somos a vitória e a decadência, somos, enfim, o melhor e o pior que se pode encontrar por aí e na verdade não nos esforçamos muito para que nos encontrem. De facto, não pensem que é fácil encontrar-nos. Por segurança vivemos por aí exilados em casas há muito dadas como abandonadas. Nunca saímos do mesmo sitio, não sabemos o que são outros sítios e o movimento físico não nos é essencial – para quê se viajamos tanto para preencher os nossos próprios compromissos nas esquinas da nossa imaginação?

É o milagre do sol, que se põe para renascer outra vez, que nos faz voltar ali e é aquela simbólica ida à praia que nos permite continuar durante um ano inteiro – sim, o círculo junta-se anualmente no Inverno e naquele dia. Não constituímos uma religião pagã ou acreditamos em algum mistério da criação, porque não é verdade que exista para nós qualquer mistério na criação e na religião. Para melhor explicar terei que usar palavras e todos os outros, que estiveram ali presentes que me perdoem por fazê-lo, desmistificando o segredo (!) e por falar em seu nome.

Estivemos toda a noite por aí, chegamos à praia cedo e quando marcaram as 14h, num relógio de sol improvisado com um galho espetado na areia, a reflectir numa lata de conserva que alguém tinha no bolso do sobretudo, de óculos de sol postos, virados de barriga para cima, estavam dezenas, já quase chegávamos a uma centena naquela praia. Algumas cabeças estavam pousadas nas costas, nos ombros, nos braços, nas barrigas, nas pernas dos outros. Alguns davam as mãos. A massa escura preta que formávamos era semelhante a piche colocado nas estradas. Eu abracei-me à Lara, ao Clóvis, à Michu, ao Rolando e cruzei os pés com um desconhecido.

A biografia dos meus amigos não me importa - de que linha descenderam, de que classe provinham, o nome verdadeiro ou até a origem do nome dado, era tudo irrelevante - estávamos ali, e muitas vezes ali regressaríamos. Se nos voltaríamos a ver, também não o sabia, pois ser um idealista pessimista é muitas vezes um estado, uma passagem, não está traçado no mapa e não é uma fatalidade. Chegadas as 16h - naquela altura do ano o sol é fraco e a luz amarela alaranjada, em nada se aproxima aos tons lilases do verão, meia hora depois o sol ia cair sobre o mar com rapidez – notamos, quanto nos é possível, no pouco que vemos da horizontalidade da nossa posição, que a massa se mexe e se ajeita. Lá no fundo, nas extremidades podem estar a fazer amor ou a cantar, a coçar o corpo que aos poucos se escalda da exposição prolongada ou a tomar cuidados para não desidratar - estes são movimentos exteriores que pouco se relacionam com o que se passa no interior de cada um. Às 17h, aproximadamente, levantaram-se alguns, um pequeno grupo muito jovem, vão até à água, talvez sejam do interior do país e poucas vezes tenham a oportunidade de provar o sal. Levantei a cabeça para os ver, apeteceu-me entreter o olhar. Deitaram as mãos ao mar e como se estas fossem pás, puxaram a água até molharem a barriga. Outros levantaram-se e correram até lá também e entraram na água sem medir a temperatura ou a força das ondas. Em outros anos foi mais tranquilo, mas não me levantei para os impedir, pois, não há regulamento e a minha tendência para o ideal das coisas pode perturbar o ideal dos meus companheiros. Ás 17h e 20m, metade da massa preta estava na água. Parecia que o mar estava sujo e a imagem diante de mim era preta e laranja. Os meus amigos estremeceram do sono profundo em que caíram e também se juntaram. Sentei-me e de braços cruzados sobre as pernas assisti a ondas pretas, que vão e vêm.

Às 18h, já não os reconheci. Estavam em contra luz. Nesse dia inauguramos uma nova modalidade – precipitamo-nos todos sobre o mar para assistir ao desaparecimento do sol. Conseguem imaginar? Somos centenas, vestidos de preto, numa praia perdida, entre a areia e o mar, de mãos dadas ou abraçados com força, totalmente molhados, com as roupas coladas, as ondas a baterem-nos violentamente, praticamente imóveis, com óculos de sol, para ver o sol a desaparecer.

Às 19h, só havia um resíduo da luz que nos acompanhou durante o tempo que lá estivemos. Como náufragos dados à costa arrastamo-nos dali e entramos na cidade. Mais um ano passaria de profundo isolamento, de dias claros e escuros, de agressividade para a qual ninguém encontrava justificação, de vontade de destruir ruínas, de queimar cinzas, ordenar ordens mal dadas e seguir o curso das coisas tal como o imaginávamos.

Eu fiquei um pouco para trás. O meu grupo atrasou-se porque um rapaz emocionou-se e não se queria levantar, enterrou-se na areia e disse que ninguém o tirava de lá. Eu não o reconheci porque os óculos ocupavam metade da cara (era muito jovem e com um rosto de criança), mas quando o arrastamos até ao cimento vi quem era. Sentamo-lo no mureto, sacudimos os pés de areia, metemos-lhe as meias e os sapatos. Então, uma das raparigas encostou-o contra o peito e embalou-o: nós acreditamos na descrença e desacreditamos nas crenças; temos a esperança de mil homens juntos.

Tuesday, November 04, 2008

Saturday, November 01, 2008

Porque o difícil é estarmos juntos.

Só o entendi com o Olho de Apolo e o culto do Sol. Ela olhava para o sol de frente, com coragem e bravura e explicava dessa maneira a falta desses valores nos outros. No final – o homicídio é irrelevante – descobre-se que era cega.