Estou triste porque só iam acontecer coisas boas...queria que a sra. proprietária percebesse melhor o que andamos a fazer, mas ela viu o piercing do mauro e ficou com ideia que eramos todos uns furados! Pronto, não há nada a fazer! Foi tudo muito curto e rápido!
(alguém deixou este momento na minha máquina, acho que é bastante representativo na sala de concertos)
................comunicado......................
A uma semana de inaugurar a Casa Sincera, e analisando agora em retrospectiva, debatia-me com dois problemas de grande escala: a pressão do tempo e a incerteza face à forma que o espaço iria tomar, algo que nunca foi muito claro desde o início sendo a relevância do projecto a minha maior preocupação. Na altura não pareciam problemas, muito menos graves, uma vez que a construção do espaço, a montagem das diferentes partes da casa, a conjugação peça a peça, aconteceu com grande naturalidade.
Havia ainda a agenda a organizar e centenas de pequenas coisas para fazer descritas em listas e mais listas. A agenda contava com a participação de mais de uma dezena de pessoas que iriam colaborar em diferentes actividades. Quando a agenda ficou fechada (e se imprimiram os flyers) eu sabia que teria que a alterar vezes sem conta para conjugar as actividades de todos e felizmente, para inserir as novas actividades que surgiram logo após a abertura. Tal como uma performer/dj e colaboradora da Casa disse, o nome era muito português, ninguém estava a acreditar que fosse “altamente”, estavam todos a desconfiar porque nada no nome remetia para o que depois se iria ver e viver no espaço. Por este motivo apareceram num piscar de olhos uma proposta de um cabeleireiro, um malabarista, uma banda gótica já com muita estima na cidade, etc. Afinal a Casa era “fixe”, mesmo com um nome destes!
Será inevitável falar agora na duração das coisas, pois é sabido que a duração é uma determinação de tudo logo à partida. A Casa duraria duas semanas, três fins de semana, preenchidos de tarde e à noite, incluídas as sextas-feiras. Teria um ritmo acelerado e depois desaparecia. Era a experimentação de um modelo que se propunha, nada de novo no contexto dos artist run spaces, das casas okupadas, das pequenas comunidades de artistas e de outros grupos. Mas era uma experiência que tinha que urgentemente ser reproduzida, sem qualquer problema de ser engolida pelo passado onde podemos reconhecer situações semelhantes a esta, porque teve desde o início um sentido próprio, inabalável, o de nos lembrar coisas simples como a partilha, a troca, a generosidade, a tolerância e a criatividade.
Esta experiência seria a renovação de algumas acções ocorridas noutros tempos e espaços (a actividade dos últimos 6 ou 7 anos na cidade do Porto, ou num contexto mais alargado, dos anos 70 e 80) mas senti a dado momento que a Casa serviria para dar resposta a uma necessidade concreta minha e dos outros à minha volta, que como eu tiveram necessidade de construir um espaço de partilha – uma residência artística comunitária. A Casa é também um teste aos nossos desejos de originar uma situação de vida melhor.
Aceitar a duração de tudo é aceitar e prever limites para tudo. As TAZ (Zonas Autónomas Temporárias) impõem à partida um trajecto limitado. Eu conhecia bem os limites da Casa e aceitei-os. Tal como as utopias quando trespassam o plano unicamente ideológico e se testam na prática encontram um fim. Várias vezes escrevi no meu caderno que tinha que acreditar na Casa e não sabia ainda bem o que estava para vir. A utilidade deste recado é que eu acreditei sem dar conta e consegui que durante um fim de semana inteiro todos acreditassem comigo na Casa. Isto porque estávamos, e eu falo por mim, em pleno estado de felicidade.
Este texto surge neste momento porque a Casa encerrará hoje. O final abrupto deixou-me chocada e sem capacidade para impedir que isso acontecesse - até porque tive que pensar bem que qualquer tentativa de manter a continuidade da Casa poderá retirar a cedência do espaço ao projecto do Laboratório das Artes. A saída total, quer desta exposição, quer do projecto, está na iminência de acontecer. A “limpeza” e a retirada irá começar entre hoje e amanhã. Depois ficará à consideração da proprietária a decisão final.
Os motivos do encerramento interessam-me relativamente pouco. A “sinceridade” na Casa nunca foi excessiva, não por constrangimentos impostos mas por escolha pessoal e individual. Cada um fez o que quis dentro do que estava mais ou menos programado e por acaso, não ocorreu nenhuma situação que pudesse pôr em causa a Casa. A Casa não foi simplesmente entendida pela proprietária, mas foi pelas largas dezenas de visitantes que passaram por lá num único fim de semana. Não condeno a proprietária pela sua visão sobre os acontecimentos. Tem esse direito.
Brevemente será disponibilizado no blog material de documentação da Casa.
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6 comments:
altamente! a sala de concertos tava mesmo fora! estou bué de curioso pa ver as filmages do concerto! só vi cerca de 30 segundos ontem e passei-me! ta mesmo fora!
eu digo // viva a casa// aluguemos um espaco em conjunto // em guimaraes ... por um mes ... 'e muito em cima da hora, ser'a possivel ?? porque realmente nao pode ser uma utopia // a casa sincera 'e uma realidade, e 'e a que nos queremos
manita, não fiques tristonha! O festival sincero acontecerá noutro espaço!
Vamos ver como, quando e onde...
sim, já se pensou nisso...é uma excelente ideia. Logo vou ter uma reunião. Não se vai retroceder, mas pode-se sempre chegar a grandes ideias com a ajuda de todos! Para já proponho um pic nic na montanha no próximo fim-de-semana...assim, no meio da natureza pensaremos todos melhor na volta a dar à casa!
eu quero fazer um show kinky e cantar músicas do élvis, como coro e tudo! e percussão estilo velvet underground, e pullovers de malha com lantejoulas, e purpurinas, e perucas e muito spray!
quem és tu lady??
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