Friday, September 11, 2009

1) Bar Introspectivo Ocupado é mesmo um bar onde, ao que sei, vão acontecer coisas (espectáculos, concertos, conversas?). Pode dizer-me o que vai acontecer ao certo? Qual é a programação?


R:. A dinamização do bar depende parcialmente de apoios técnicos e financeiros. Ainda estou a aguardar por respostas para começar a desenvolver a actividade/programação no Bar.


2) O que acrescentou ao bar? O R não me revelou, mas arriscaria dizer, que colocou cortinas brancas e estores azuis. Ou se calhar não colocou nada.


R:. O que foi alterado no bar, em pormenor, penso que não é muito relevante.

A transformação incluiu paredes falsas e truques para esconder mobiliário de restauração que não interessava. Os espelhos foram desenhados por mim e representam em simultâneo uma borboleta e uma aranha, animais muito importantes para mim, e cujo padrão resultante foi inspirado na própria Rua Cândido dos Reis onde prevalecem vestígios da arte nova. Os espelhos são também influenciados pelos cafés do Porto (e nos cafés em geral) que usam o efeito reflexivo dos espelhos para ampliarem o espaço. Para além disso queria que as pessoas se olhassem entre si e para si.

O mais importante é a “inutilidade” do Bar enquanto tal por um lado e a potencial “utilidade” cultural por outro.


3) O vídeo do miúdo (miúda?) a tocar bateria surge atravessado (se não me engano) pela sombra dos estores e é um dos trabalhos mais bonitos da exposição. Como se chama? Não cheguei a entrar nessa sala. Podia?

R:. É uma miúda que toca bateria. O vídeo chama-se Aurora, da mesma maneira que o livro do Nietzsche. Não sei se recebeu esta informação sobre os vídeos...mas é importante ter acesso a ela porque explica grande parte da exposição. Para entender a minha parte da exposição é necessário destacar o bar e os vídeos e depois relacioná-los.

4) Gostava que me falasse um pouco de Como Sucedâneo da Vida. O que inspirou esta instalação que, creio, só podemos ver de um lado? Tem uma imagem projectada, uma “cortina”, uma lança e parece aquele trabalho menos “relacionado” com a história do edifício.


É preciso entender o seguinte: eu não me vi “forçada” de modo algum, a trabalhar com a fábrica, com o edifício, com a História da Indústria, eu trabalhei com estes “temas” porque me “tocam”, porque me dizem respeito. Eu não falo da história do edifício de modo isolado, eu conto a minha própria história (humildemente) através dele. E bate certo ao ponto de se pensar que é o contrário que podia ser um trabalho de adaptação, porque nenhum saiu lesado, nem eu nem o edifício, nem as nossas histórias, porque se cruzam de muitas maneiras.


O sucedâneo de vida,

é sobre a ideia de Sucedâneo de William Morris,

é sobre viver nos subúrbios,

é sobre escapar aos subúrbios,

e é sobre um planta que ajuda a escapar.


O nome do vídeo é este: Não é preciso ser um Quarto — para estar Assombrado — Nem é preciso ser uma Casa — O Cérebro tem Corredores — que ultrapassam os Lugares Materiais retirado de um poema de Emily Dickenson.


A grade obstrui o caminho, mas é um realidade da nossa paisagem.

3 comments:

rita said...

queria dizer que vi a exposição.
que li os textos sobre os videos depois porque não tive acesso ao mesmos no edificio o que é pena. Lembrava-me bem dos videos, porque os achei estranhos, intimos, ficaram-me guardados numa espécie de memória que não entende mas que quer saber e há-de saltar ao corpo em associações tardias. Sentia(-o) tempo mas nem sempre o li. Depois li os textos e a memória das imagens ganhou contornos mais claros. Mesmo depois dos textos, mantive os meus preferidos: a aurora e os caracois. A bateria por causa dos gestos, e a liberdade, e os caracois por parecerem uma praga lenta. Percepções mais ou menos básicas e pessoais que se mantiveram com os textos, que não vão ao seu encontro. Talvez tenha visto errado, mas vi.

isabel carvalho said...

Rita:

não leias os textos.

se fossem muito importantes os vídeos tinham legendas.


ic

rita said...

mas se aqui dizes que é importante ter acesso a eles. de qualquer maneira senti que tiveste necessidade de os explicitar. Não? Eu gostei de os ler. Achei-os importantes.