Wednesday, October 08, 2008

1.
A quantidade de postais que começam por:
eu não sei o que te escrever;
eu ia escrever uma carta, mas não consigo;
é uma pena que as férias acabem;
no início isto tinha piada;
desculpa, mas;

2.
O meu cabelo está formatado para ter franja e está preso.
Sempre quis mudar este formato, mas o cabelo tem design e, por vezes, é difícil mexer em design deste – ainda por cima natural.
Hoje percebi que toda a gente tem esse mesmo problema, não pode mudar de risca, nem de formato, facilmente.
3.
Os livros em segunda mão:
O Comunismo
O Marxismo
O Evangelho
A vida espiritual
A vida de Cristo
Memórias de uma libertina
Vénus das peles
Conheça a sua vida sexual
O Prémio
A Família Forsyte
Ben Hur
A enciclopédia juvenil
A electricidade
O demónio do capitalismo

4.
Isto somos nós: cristão, comunistas, espiritualistas, hiper-sensuaalistas, fur-freaks, espertalhões da técnica de mudar lâmpadas e vivemos a saga Forsyte.
5.
Os nossos livros de hoje, numa prateleira daqui a uns anos, o que vamos dizer de nós?
6.
Os livros em segunda mão estrangeiros são franceses. Mas nós – quase - não lemos francês.
7.
Os emigrantes e os turistas arriscam a sair do País e enviam postais. Portanto, distinguem-se os que ficam e os que vão. Os que vão enviam mais postais. E para a Barbearia Apolo, aqui no porto, foi um postal de Leninegrado.
8.
E um postal nunca enviado é pior que um a dizer que não se quer dizer nada porque não se consegue - quem está fora experimenta muitas vezes isso, falha a voz e já não se telefona, falha a mão que não quer escrever. E um postal da casa, da piscina, da prancha, da Esther Williams, a não dizer nada?
9.
E um tipo de óculos escuros, muito bom aspecto, mão atrás da cabeça, dentro de um mapa de Portugal? Estávamos em 1986.
É um convite guardado entre muitos outros convites para exposições – no Porto, em Braga, raros sãos os que vêem de Lisboa e alguns até da Alemanha e Brasil.
Trouxe alguns. Queria recuperar – eu quando me perco nestes cantos com cheiro a leite podre é para recuperar qualquer coisa. Aqui era para ver se ganhava uns anos de arte. Estava ver se enganava o tempo e se via mais para além dos meus limites de idade.
De qualquer maneira, eu conheço este tipo com pinta.
E fiquei mais tempo a olhar e a admirar como ele era e como ficou a ser igualmente assim igual até hoje. Bem, só visto, mas não se arranja fotografia para já.
O Pedro Tudela devia ter bailado nos anos oitenta.
10.
“Portugal Emigrante”, ei, explica lá melhor?
11.
Encontrei postais com todas as barragens de Portugal – não vá o dia tece-las e calhar de fazer um trabalho sobre águas, mas eram mais cinco euros. Não se preocupe, desanomoro-me já.
12.
Pior é não fazer uma exposição chamada Portugal Emigrante.
13.
E os postais vêm do estrangeiro e dos emigrantes.
14.
A partir de hoje, o cabelo vai ser solto. Não é bonito, mas é comprido e claro e claro dá-me brilho.
15.
Por agora é tudo.
Há apenas a destacar que na peixaria, do peixe fresco, o único peixe que eu identifiquei foi a pescada e o salmão, fiquei com as cores de quem fica corado.
Com carinho e amizade, deste lindo, lindo sítio, com uma casa e um lago, um grande beijinhos, Isabel

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