Sunday, January 20, 2008



1. O japonês perto do Largo de Camões tem um sistema rotativo de pratinhos muito engraçado para fãs de miniaturas – tipo os cristais às cores, como os veados e os cisnes, que vêm naqueles conjuntos, os pais e as crias, amarrados uns aos outros por uma corrente dourada. Pois, foi neste sítio que comi cinco pudins Mandarin. Claro que são micro doses, mas ainda assim, fui incansável na minha procura de um sabor mais intenso. É que na verdade, estes pudins não sabem a nada – daí a piada de continuar a comê-los.

2. Durante a inauguração, e também no dia seguinte, encontrei muita gente que me falava da banda desenhada e ilustração que eu fazia há já uns anos. A minha família faz a mesma pergunta – antes perguntavam-me pelo Ballet, mas como isso já vai longe, agarram-se à última coisa que eu fiz, que eles se lembram, que puderam ver e ter uma opinião.

Até certo ponto eu entendo, o ressurgir do tema e até a nostalgia, mas vá lá, sejam sinceros, naquela altura éramos todos muito mais novos e cheios de sangue na guelra - não será o medo da perda da memoria desses tempo que isto se trata? Não estaremos prematuramente saudosos dos anos em que andamos à volta dos quadradinhos, dos concertos, dos livros, que nem cães a focinhar tudo que era novo e alternativo!?? Não estamos já com sentimentos de nostalgia pelos anos 90? É que para lá caminhamos.

Não seria capaz de renunciar o que fiz, e não tenho preconceitos nenhuns, o que aconteceu é que estou interessada em outro caminho. Com todo o respeito e muita simpatia por quem esteve comigo e que abordou o assunto, os mesmos sentimentos para quem continua a escrever sobre mim começando pela ligação à banda desenhada, e para quem a única referência que tem minha são esses old days, só posso dizer que, para além do Ballet, também me dediquei a outras coisas, o não que significa que eu seja isso, muito menos que me limite a isso.

O que justifica, este paragrafo, é que posso constatar a minha incapacidade de controlar a opinião pública sobre o que sou e o que faço. Pontualmente desfaço más interpretações desses tempos e tento explicar a mais verdadeira das verdades – esses tempos não me fazem falta nenhuma! Foram momentos, entre viagens e amizades, memoráveis, dos quais fica, um projecto educativo e uma forte paixão por ler banda desenhada – aliás, não há nada como tirar um dia só para ler bd e mais nada!
Ou seja, ficou o melhor, e o melhor possível, tudo o resto passo!

Daí, penso que não seria mau que se fechasse um capitulo e começasse outro. A manter este aberto, só posso desejar que se feche naturalmente e o quanto antes.

[Pedro, lembraste do suíço da livraria que recusou a oferta de satélites internacionais? Nós só não queríamos andar carregamos com todos aqueles exemplares, para poder comprar, na mesma loja, mais livros dos canadianos e os novos franco-belgas. No final acho que viemos com tudo, os nossos e os novos!]

3. Por falar nos anos 90...notei neste cenário num Sábado de tarde no bairro alto: café de esquina, tostas mistas a fumegar, meia de leite e príncipe, música dos G’N’R e três casais a cantarolar. Aparentemente parecia uma situação normal, até eu voltar aos back in the days, quando eu ouvia G’N’R e mais ninguém lá na escola sequer os conhecia!

Ou tínhamos todos, naquele café uma certa diferença de idades ou eu não entendo como é que há quem saiba, igualmente, as letras de cor, quando eu apenas conheci muito mais tarde – na altura do horror ao Axel – e já na faculdade, algumas pessoas que se lembram deles porque uma amigo distante também gostava. De qualquer maneira, fica aqui a questão desde quando há quem goste dos G’N’R, neste início de 2008?

4. Em Lisboa, ao Sábado e Domingo há pouca gente na rua até à tarde. O que me parece bem enquanto ritmo de vida, modo de ser, opção, etc, pois para mim, que não estou sintonizada desta maneira, acho invejável que se leve a sério o fim de semana. Lazer, bolas! Sem misturas. Eu gostei particularmente de estar com a Sílvia e o Daniel (ai, ai, espero que não se chateiem comigo) muito embora eles sejam incompatíveis juntos, estar separadamente com cada um continua a ser extraordinário.

5. O texto da folha de sala é lindíssimo e estou muito agradecida a quem o escreveu depois de muitos meses, anos, a acompanhar o meu processo de trabalho. Vou postá-lo aqui em cima.

6. Como prometido fui à exposição do Tudela e do Rigo. A minha opinião sobre os dois é muito clara e poupo os elogios exagerados e os golpes profundos. No todo a exposição do primeiro é muito forte, estão lá pistas que não levam a lado nenhum, porque são “segredo”, mas que no essencial funcionam porque nos provocam e inquietam. A do segundo vem na continuação do que ele, calculo, faz e mostra lá fora, o que é distinto do o que vimos na ZDB. Esta exposição traz novidades sobre o trabalho do Rigo, o que ao mesmo tempo não é assim tão novidade porque havia já alguma coisa que nos deixava adivinhar. Já agora, poupo as descrições - passem por lá!

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