Wednesday, March 12, 2008


[O meu comentário à publicação “Arte e Artistas em Portugal”]

1.O Y de sexta chega sempre atrasado. Às sextas compro-o antes de apanhar o comboio, onde adormeço quase sempre e por regra, minutos depois de passar o “pica”.

2.Por isso não estava à altura para conversar com o Pedro VM nesta terça-feira sobre a oficialíssima publicação dos artistas portugueses (2 páginas e mais um artigo no final sobre o assunto no suplemento Y). Como também não tinha o Jornal de Notícias, estive realmente numa situação de franca pobreza informativa.

3.Ninguém ficou realmente irritado com a publicação do A. Melo a ponto de se manifestar publicamente. Para quem não pode usar os media, sempre podia ir tentando espalhar a palavra, de forma oral e talvez menos eficaz, ou optando, sei lá, pelos blogs ou textitos aqui e acoli. E o Pedro tinha razão, a convivência com AM torna-nos aos poucos imunes aos seus disparates, incoerências, incorrecções, e por aí fora. Ao ponto de pensarmos muito bem se alguém vai querer ouvir mais uma vez uma opinião glamorosamente negativa sobre o AM...como se não soubessemos todos “do que a casa gasta!”. De qualquer modo, não merecia a situação, tamanha é a gravidade, que se perdesse algum tempo a desenvolver qualquer coisa (talvez um documento...) que espelhasse o desagrado que os evidentes lesados sentiram ao ver e ler a publicação?

4.O artigo mais pequeno do Y é de coragem*, é esclarecedor sobre a opinião da autora face à publicação: resultado e processo. Não salientaria os mesmos “defeitos”: uns talvez coincidam, outros não me incomodam sequer e acrescentaria ainda uma lista de muitos outros. De qualquer maneira mostro-lhe um placard de aplausos!

5.O que destacaria do artigo (bem mais interessante que o artigo blach! do centro do suplemento), para além da referida coragem, é o apontamento à nossa HORIZONTALIDADE.

6.A planura dos nossos horizontes é tremendamente irritante. É asquerosa! Uma publicação da arte portuguesa que seja para turista-ver (referência ao artigo que me pareceu bem enquanto apontamento de uma função) é um mau princípio, mas dar “aquilo” para ler a um turista inteligente é mostrar-lhe precisamente o que somos e o que vemos lá ao longe, a apontar para o futuro – a monotonia de um único plano. Oferecer esta publicação, ao primo brasileiro, ao amigo japonês, à amiga da amiga onde ficamos uma noite mesmo em frente ao Museu Rainha Sofia, ao embaixador suíço ou ao colecionador mexicano tem um duplo sentido: “nós somos pouco interessantes e vocês vão ficar a saber disso”.

7.Este momento, o aparecimento do livro, é uma nota na planura dos nossos horizontes, porque não há a “porra” de uma instituição com visão suficiente para perceber que se nos mantivermos satisfeitos e nas apostas seguras, vamos ser piores no futuro do que somos hoje...

8.Como entendo o João Fernandes, LOCAL!? Puff! De facto! Mas se nos descartarmos do local ou de nos localizar, vamos estar sempre a fingir que não estamos aqui. Tal como eu estou a fazer agora - ando a fingir que não estou aqui, com a diferença que neste novo lugar (imaginado), é onde me posiciono para melhor ver e entender este tempo e este espaço.

9.Sobre esta publicação, onde constam pouquíssimos artistas locais (Porto) a fazer comichão, onde não é feita referência a nada que tenha passado por estas bandas, aconselho (para além da leitura do Y, mas só o artiguinho final) a leitura de excertos da publicação (leiam na fnaque e/ou rasguem as folhas mais giras para ver e ler cá fora), encontros em grupos para ponderarem na HORIZONTALIDADE da política cultural portuguesa e depois um passeio pela praia ao pôr de sol para sentir na pele e no espírito que a monotonia SUCKS!

10.Sobre o “alternative” label noticiado, artiguinho manhoso e atrasado, dá luz às nossas emoções e deixa de parte a razão.

11.Nem mesmo os skaters são amigos da HORIZONTALIDADE e fazem montanhinhas a fingir e obstáculos a ultrapassar, porque não seguimos o exemplo?

12.Macacos me mordam, até a brilhante exposição do Teatro sem Teatro foi importada do MACBA, porque é que o Joe não investe antes na formação de potênciais bons intelectuais que concebam uma exposição assim, AQUI!
Qual foi a última vez que se fez uma exposição assim? Uma exposição que um outro Joe, espanhol, francês, outro, tenha cobiçado para expor no seu Museu!


*O MM considera que não é uma questão de coragem, mas de dever e de responsabilidade.

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