Wednesday, October 31, 2007

LALALALALARTES! ARTIGO SOBRE MUSICA

A MINHA HOMENAGEM AOS MÚSICOS PORTUGUESES NO ARTIGO DA REVISTA, MAS QUE NÃO FOI PUBLICADA, FICA AQUI REGISTADA! PLIM-PLOM!
Estás a par da existência, em Portugal, de outros artistas que também integraram elementos do universo musical nos seus trabalhos? R:Sim, gosto particularmente do trabalho do Pedro Tudela e do António Olaio. O A.Olaio já vem de 95. Quando entrei na Faculdade, estava reservada uma semana para actividades de recepção aos alunos recém-chegados que os ajudava a integrarem-se na faculdade sem passarem pela praxe. Nessa semana exibiram os vídeos do A.Olaio duas vezes, e eu apareci as duas vezes, a primeira para decorar as musicas (e especialmente as letras) e depois repeti a dose para fazer um género de karaoke! As músicas do Olaio + João Taborda, talvez mais que os vídeos, o lado visual do seu trabalho, têm um poder encantatório sobre mim. O humor é muito parecido como o meu. Perto desta referência está o João Vieira que me irrita visceralmente tanto quanto me seduz. Tem rimas lindíssimas, ritmos e melodias incríveis, faz canções como se fosse um marinheiro com a embarcação encalhada num porto assombrado, ou como um pirata perdido em alto mar a morrer de tédio, um nobre medieval vicioso, sujo e mau, um apresentador de circo enganado pelo próprio macaco, e por aí fora. Tudo isto que descrevo, tal como assistir a um concerto dele sozinho ou acompanhado, tem uma camada de gordura acastanhada (cor de álcool velho!) que lhe dá uma certa aura. No entanto, o lado burlesco-romântico-decadente da coisa perde-se, quando hiper-sexualiza a figura feminina da pior maneira – não é sujeito com identidade e vontade próprias, mas antes um adereço, um objecto de uso e acesso garantido. Dos dois, que são pintores, gosto muito das pinturas e acho que são imagens musicadas sem se ouvir som! Por contraste, o Pedro Tudela, que também é pintor, do trabalho dele sozinho ou em colaboração com Miguel Carvalhais, com a Lia, ou outros, seduz-me o lado experimental, da experiência do som por si mesmo. Recentemente tive oportunidade de assistir a uma parte do seu processo de recolha de sons e mais tarde de assistir a um concerto. Durante o concerto senti-me paralisada, com o corpo dormente e extremamente concentrada no som. É uma viagem para sítio nenhum, o que nos faz muito bem (pelo menos eu gosto bastante), para refrescar, não ir a um sítio conhecido ou imaginado. Quanto muito podia ser a um deserto lunar ou a uma cenário minimal com pouco mais que uma linha de horizonte. Do registo do Tudela aproximam-se os Calhau que são meus amigos e que são um projecto musical brilhante com ideias sempre excelentes e totalmente maquiavélicas para cada concerto. O material gráfico que desenvolvem para cada exposição é uma explosão de elementos do psicadelismo dos 70, com pózinhos da actualidade.

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