Sunday, October 07, 2007

O EXITO DOS ANTI


A gestão de um espaço para expor é sempre uma função extremamente complexa. Não me refiro propriamente à montagem de uma exposição, no sentido mais oficinal, mas da disposição de obras num dado espaço. A palavra inglesa display talvez seja mais exacta e completa.

Existe uma forte tensão entre o espaço e as obras. O espaço nunca está vazio. As obras são sempre intensas. Ambas as partes estão sobrecarregadas de sentidos e nenhuma das partes pode ser menosprezada ou considerada mais relevante que a outra.

Por mais que deliberadamente se anulem, espaço e obras, nunca tal é possível de todo. A higienização do espaço e transformação em white cube, deixa-nos, em último caso, com a configuração do próprio espaço para resolver– a sua planta, a sua escala.

Quando um espaço é preenchido de obras, sem que haja um reconhecimento desse espaço e apenas se reflecte na articulação das obras em si ou, por outro lado, quando o espaço é principal e as obras o “decoram”, o resultado é pobre.

Estas questões, acontecem e resolvem-se com os comissários que partem de um mote, de um tema, de uma ideologia, de uma escola, de um pensamento, de um capricho ou da sua vaidade, para conceber e organizar exposições. Existirá, explicitado e tornado público ou não, um critério - sendo que a ausência de um critério é também ele mesmo um critério.

O critério de selecção de artistas, de obras e de espaços, e a gestão destes três aspectos é, na prática, condicionada fortemente por diferente frentes, desde a questão económica, à inexistência de todo o tipo de apoio logístico e ainda ao capricho dos artistas.
No entanto, trabalhar condicionado não retira a necessidade de se fazer um esforço autêntico para resolver a complexa situação de dispor obras num dado espaço. Ou seja, não se deve perder, ou pelo menos deve-se evitar perder a todo o custo, o sentido de uma exposição.

Parto sempre do princípio que para um comissário cada exposição é um statment.
E é à luz deste princípio que analiso qualquer exposição. Dou especial reparo às suas intenções e depois às condições de realização que podem ficar muitas vezes aquém do esperado.


Sobre o artigo L+Arte
Não sendo a minha intenção gritar mais alto que ninguém, gostaria de dizer que se o meu vestido amarelo era curto, o meu decote exagerado, o meu baton demasiado vermelho e o perfume intenso, me tornaram no elemento ruidoso da festa, penso que não tenho que pedir desculpa por isso.

Queria também dizer que fiquei contentíssima por partilhar a sala com o Tabarra, que pelo vistos acabou por ser o único a escapar à lista dos eventuais lesados do ruído da minha peça.

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